Atribui-se o nome da localidade ao facto de existirem na região grande profusão de canas, daí o topónimo de Villa Nova de Canya.
Devido à sua excelente localização geográfica, atraiu desde longa data a fixação do homem, como atestam os diversos vestígios encontrados na proximidade da ribeira, datáveis do paleolítico. Do neolítico há a registar a existência de uma sepultura megalítica tipo cista. A presença de um castro neolítico também foi referenciada na região.
Do período da ocupação romana do território encontram-se vestígios da sua passagem por Canha, nomeadamente na área do Monte do Escatelar (propriedade privada) onde se encontra os restos de uma presumível “Villae”. De salientar a existência de um fragmento de mosaico policromo, actualmente inserido numa das habitações do monte e de diversos materiais cerâmicos.
Durante o período da reconquista, Canha aparece em 1186 como limite do Castelo de Alcácer do Sal e, posteriormente, com Cabrela e Belmonte faz parte das sentinelas avançadas que defrontavam os mouros. Pertencendo à cavalaria e mestrado de Santiago recebeu em 1235 Foral dado por D. Paio Peres Correia, comendador de Alcácer e, 17 anos mais tarde, em 1252, D. Aires Vasques concede à referida Ordem a igreja de Canha.
Com a reforma manuelina dos forais, Canha recebeu um novo foral em 1516. No entanto, em 1527, encontra-se incluída por doação ao futuro Cardeal D. Henrique no rol dos bens afectos à ordem de Santiago que serviam de sustento às Comendadeiras de Santos.
Possui autonomia administrativa enquanto sede de concelho do mesmo nome até 1838, data em que passou a fazer parte do concelho de Aldeia Galega, actual Montijo. No entanto, esta situação não foi pacifica uma vez que o concelho foi extinto pela primeira vez em 1836, por decreto de 6 se Novembro, restaurado por decreto de 2 de Janeiro de 1838 para, finalmente, em 17 de Abril de 1838, ser definitivamente extinto. Administrativamente continua a ter a categoria de vila, uma vez que a extinção do concelho não determina a perda do titulo.
Para a sua extinção e integração no concelho de Aldeia Galega terá contribuído o facto da maioria dos proprietários rurais da área serem residentes em Aldeia Galega ou na zona do seu concelho, pelo que não se justificava o pagamento de impostos noutro concelho que não fosse o da sua residência.
A freguesia é constituída por terrenos agrícolas, bastante férteis, que lhe conferem um carácter rural por excelência, o que se deduz também pelo facto de, em 1855, se terem perdido as searas devido às grandes às grandes enchentes da ribeira. Saliente-se também que é o único local do município onde se cultiva arroz.
Já neste século, Canha viu proclama a republica na noite de 4 para 5 de Outubro de 1910, bem como assistiu ao desmembramento da sua área para criação das freguesias de Santo Isidro, em 1957, e de Pegões, 1985.
Joaquim Balderico
Câmara Municipal de Montijo